Minha rotina enquanto professora sempre foi dentro do padrão
Na realidade, eu sempre tive um pouco de preguiça daquele trabalho repetitivo que todo professor tem que fazer. Eu adoro preparar aulas e dar aulas, mas fazer chamada, corrigir provas e listas de exercícios, enfim… tudo aquilo que é muito repetitivo me incomoda. Sendo assim, toda vez que eu pensava em um projeto ou em alguma atividade, eu dava um jeito de guardar aquela enxurrada de documentos para usar no ano seguinte.
Afinal de contas, é muito mais fácil melhorar um projeto/atividade do que tirar ela do zero novamente. Durante esse percurso pedagógico eu conheci a WEBQUEST como professor Adriano Pessoa, e fiquei encantada com a possibilidade de guardar tudo na internet ao aplicar qualquer projeto e/ou atividade para as minhas turmas.
A grande vantagem ao meu ver, além das etapas da atividade e avaliação estarem bem estabelecidas, era ter tudo registrado para o ano seguinte. Ou seja, eu gastaria um tempo criando a webquest, mas no ano seguinte eu só precisaria fazer as correções e adaptações. (uhuuu me economizaria tempo para outras coisitas…) Confesso que no início eu não fazia uso da internet/tecnologias pensando só nos alunos, é claro que eu queria que eles aprendessem e que a atividade fosse interessante, mas eu também pensava na minha organização pessoal e em como facilitar a minha vida enquanto educadora que naquela época trabalhava em 11 turmas. Enfim, trabalhei com webquests e depois com o Moodle (aliás aqui está uma plataforma que merece uma outra postagem só sobre ela) durante muitos anos e fui muito feliz com as duas.
Em 2014 eu conheci o Google Classroom e já andava por outros caminhos pedagógicos e com outros propósitos. Percebi, logo que experimentei a plataforma (ou VLE) era mais amigável para os alunos e parecia também ser mais simples para esta educadora do que passa horas no FrontPage montando um site (de novo… procurando economizar meu precioso tempo). Resolvi arriscar o novo, mas para isso eu precisava de um argumento pedagógico. Na época eu procurei um jeito de ressignificar o uso dos laboratórios da escola. As minhas aulas de laboratório eram totalmente analógicas, ou seja, eu fazia um roteiro impresso, que os alunos preenchiam durante a atividade, para entregar no final da aula. Depois eu corrigia tudo na mão e devolvia com as notas. Ressalto que esse esquema funcionava plenamente bem e que eu já tinha ajustado essa demanda na minha rotina.
Mas… pensando novamente em como esse trabalho era repetitivo e com intuito de trabalhar outras habilidades relacionadas ao letramento científico optamos por substituir os roteiros de laboratórios por desafios lançados dentro de uma turma no Google Classroom. Veja que naquela época o que a gente fez foi só substituir (obrigada Puentedura), o papel pela atividade online no Google Classroom, mas é incrível como isso significou muito no processo de aprendizagem dos meus alunos e na minha relação com eles. Aqui tem um pouquinho do que fizemos na época e aqui tem um relatório bem simples com a seguir temos um vídeo onde apresentamos para a comunidade o uso da nova plataforma.
Eu poderia passar vários dias aqui mostrando como o uso do Google Classroom foi significativo não só para os meus alunos e alunas, mas para esta educadora que vos escreve agora. Confesso que, eu jamais imaginei ao mergulhar nas plataformas digitais que, além de aumentar a minha performance na correção das atividade eu também aumentaria a minha performance pedagógica.
Deixo com você o que eu aprendi com o Google Classroom nesses 5 anos de uso intenso e desafiador…
- aprender é divertido principalmente quando fazemos isso com nossos pares;
- é possível personalizar o aprendizado, e ampliar o escopo que fazemos na sala de aula entendendo que cada um tem um ritmo;
- ale muito a pena ter um registro do caminho percorrido para o conhecimento durante as aulas;
- é muito bom poder dar feedback rápido e colaborativo;
- os estudantes adoram as ciências como uma forma de conhecimento e investigação;
- desenvolver o protagonismo dos meu alunos e a consciência de como a ciência e a tecnologia moldam nosso meio material, cultural e intelectual é um dos meus maiores desafios;
- dá para criar engajamento em questões científicas, ajudando os alunos a se tornarem cidadãos críticos e capazes de compreender e tomar decisões sobre o mundo natural/social e as mudanças nele ocorridas.
Hoje em dia a instituição em que eu atuo como professora deixou de usar o GSuite for Education e eu não tenho mais acesso ao Classroom por lá, mas eu tô tranquila porque eu sei que isso faz parte de todo processo de transformação nas instituições educacionais. Confesso que eu morro de saudade de usar a ferramenta com meus alunos, mas me sinto desafiada a aprender sobre outras tecnologias e a não me manter na zona de conforto, isso me ajuda a inovar no processo de ensino/aprendizagem constantemente e a entender os diversos cenários que os professores enfrentam em suas respectivas instituição. A educação meus amigos, não é para amadores e inovar é sempre um grande desafio 🙂
Meu último projeto, enquanto professora, no uso do Classroom, foi a Feira de Ciências da escola. Integramos o Google Sites ao Google Classroom. Foi um desafio e tanto, mais de 900 alunos e mais de 20 professores trabalhando colaborativamente na plataforma , valeu muito a pena e o o resultado desse projeto incrível está disponível no gg.gg/facima2018.
Atualmente faço uso da plataforma em programas de formação de professores e implementação do GSuite for Education, torço todos os dias para que esse novo caminho transforme a vida dos meus colegas educadores como transformou a minha e, sigo aqui aprendendo todos os dias a pensar uma sala de aula diferente e engajadora. Serei eternamente grata.
Parabéns Google Classroom! Só posso dizer: Obrigada por tudo 🙂
Seguem as referências que citei no texto na ordem em que apareceram | a acadêmica que habita em mim não permite fazer esta postagem sem citar todos o pesquisadores maravilhosos que me ajudaram no caminho 🙂
DODGE, Bernie. WebQuests: A technique for internet-based learning. Distance educator, v. 1, n. 2, p. 10-13, 1995. Disponível no Endereço <https://eric.ed.gov/?id=EJ518478> Acesso em 24/09/2019
MARCH, Tom. The learning power of WebQuests. Educational Leadership, v. 61, n. 4, p. 42-47, 2004. Disponível no endereço <https://imoberg.com/files/Learning_Power_of_WebQuests_March_T._.pdf> Acesso em 24/09/2019
PESSOA, Adriano Bomtempo. A informática como instrumento mediador do ensino de química aplicada na formação inicial dos professores. 2019. Disponível no Endereço <http://repositorio.se.df.gov.br/handle/123456789/1154> Acesso em 24/09/2019
FUKUDA, Tereza Tioko Saito et al. Webquest: uma proposta de aprendizagem cooperativa. 2004. Disponível no endereço <http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/252814> Acesso em 24/09/2019
PAIVA, VM de O. Ambientes virtuais de aprendizagem: implicações epistemológicas. Educação em Revista, v. 26, n. 3, p. 353-370, 2010. Disponível no endereço <http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n3/v26n3a18> Acesso em 24/09/2019
PUENTEDURA, Ruben. SAMR and TPCK: Intro to advanced practice. Retrieved February, v. 12, p. 2013, 2010. Disponível no endereço <http://hippasus.com/resources/sweden2010/SAMR_TPCK_IntroToAdvancedPractice.pdf> Acesso em 24/09/2019