"O Amplifica foi amor à primeira vista, e a Carla e Samara já sabem, qualquer projeto elas já têm o sim da minha participação. "
Entender o significado e a origem das palavras que usamos é algo que considero muito importante. Saber que nossa língua não é neutra e que muitos termos são carregados de racismo, misoginia e discriminação e optar por não usar algumas palavras é louvável e mostra disposição em evoluir como sociedade. Tenho sempre em mente, que apesar de ter crescido ouvindo e falando termos como denegrir, judiar, criado-mudo, mulato e tantos outros, posso e devo me policiar para não usá-los, dada a sua origem baseada na ideia de que os seres humanos não são iguais e não tem os mesmo direitos.
Mas estar disposto a mudar o que se fala não significa que todo argumento é válido. Digo isso pois algumas vezes fui repreendido por usar a palavra aluno, que supostamente viria do latim “sem luz”. Até que faz sentido, muitos sabem que o prefixo “a” tem o sentido de negação e Lumos é o feitiço de criação de luz do Harry Potter. Mas como senso comum e Harry Potter não me convencem, decidi pesquisar. E lá fui eu fazer o processo de debunking (do inglês “desmembrar”), técnica que venho aplicando há três anos em meu projeto de educação midiática, o Hoaxbusters.
Segundo o Oxford Languages a hipótese de que aluno significaria “sem luz” não se sustenta.
No Google, a busca “significado aluno” retorna como primeira sugestão a caixa de “Definições de Oxford Languages”, que reproduzi abaixo.
Segundo o Oxford Languages, portanto, a hipótese de que aluno significaria “sem luz” não se sustenta, já que a etimologia da palavra aponta para alumnus, do latim criança de peito, lactente, aluno, discípulo. Mas como eu não deixo meus hoaxbusters entregarem uma checagem com fonte única, segui minha busca pela web. Percebi que a polêmica já havia sido apontada e devidamente esclarecida por dissertações (sugiro ir direto à página 28 para ler sobre a origem do nome), revistas, portais de educação e blogs, o que tornou o assunto ainda mais interessante, pois aponta para um baixo letramento midiático daqueles que propagam essa inverdade. Se uma rápida busca me permitiu perceber, sem muito espaço para dúvidas, que aluno não significa “sem luz”, o que explica o fato de tanta gente bem intencionada espalhar essa desinformação?
Isso me fez refletir sobre o sistema educacional em que nós, professores, fomos moldados. Nossas mentes foram programadas para receber informações e, se possível, decorá-las para reproduzir, da maneira mais fiel possível, no dia da sabatina. Não lembro de ter sido estimulado, antes da universidade, a refletir sobre os conteúdos estudados e confrontar as informações recebidas com outras fontes. Fomos educados para um mundo que não existe mais e para atender a interesses que não eram os nossos.
A ideia de descartar uma palavra que carrega um significado ou origem ruins ou ultrapassados é boa, o que não é bom é “criar” palavrões com base em uma falsa etimologia, que não resiste a uma busca rápida em fontes seguras.
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