Eu e Samara sempre tivemos visão crítica e questionamos vários movimentos na educação, e uma das áreas que sempre nos trazia dúvidas era a questão das certificações para educadores. O Amplifica tinha sido convidado para se tornar Parceiro do Google para Desenvolvimento Profissional, e isto significava nosso investimento em capacitar professores para se certificarem. Nos questionamos e amadurecemos a ideia por muito tempo porque muito além de pensarmos no nosso negócio, nossa visão sempre foi de perguntar, “O que estamos trazendo impacta a educação, a vida do professor, os resultados para o aluno?”
Só conseguimos ter mais clareza e decidirmos por nos tornar Parceiros de Desenvolvimento Profissional do Google quando fizemos o processo de Certificação Educador Nível 1 e Nível 2 do Google, e entendemos que ao passar pela jornada de estudo para a certificação, havia ali um processo de reflexão, de um olhar para nossas práticas, de um desenvolvimento de competências e habilidades técnicas e principalmente socioemocionais de um exame internacional. No inglês, já tinha passado por essa experiência de demonstração de fluência na língua, um processo enriquecedor, e, sobretudo desafiador, que testava mais do que a parte técnica, mas o seu emocional em situações adversas, com tempo e questões que te exigiam raciocínio rápido e outras mais reflexão. Nas Certificações do Google foi o mesmo sentimento.
Quantas vezes não exigimos do nosso aluno autocontrole? Quantas vezes não avaliamos competências e habilidades? E aí comecei a perceber que muitas vezes nós estávamos querendo do outro o que nós mesmos não estávamos nos desafiando a fazer, nos testar, nos colocar à prova. E devo confessar que com essa nossa jornada de capacitar os professores e ajudá-los a se certificarem, a gente vê muitos que não vão até o final. Todos têm mil coisas para fazer, aulas para preparar, testes para corrigir, mas lá no fundo vejo que o emocional de vislumbrar a falha muitas vezes fala mais alto do que nosso tempo limitado. E muitos que vão em frente e passam pelo teste, reprovam não por não saber, mas porque o cérebro atuou com sua parte emocional, límbica, e, de certa forma, deu uma paralisada. Não fomos programados e não fomos ensinados a encarar o erro, o medo, e a possibilidade iminente do fracasso.
E daí volto ao meu ponto inicial da certificação. Mais do que ser uma certificação do gigante da tecnologia A, B ou C, hoje vejo o valor de passarmos pelo processo para nos desafiarmos, nos colocarmos em lugar vulnerável, encararmos nossas incertezas de frente, e mais do que isso, voltarmos a estudar, sentirmos o coração bater mais forte, nos conectarmos com outros educadores, e nos lembrarmos que somos todos aprendizes. É nos colocarmos como seres humanos, vivos, pulsantes e vulneráveis. É nos testarmos e chegarmos ao final de uma jornada, com todos seus desafios, e sentirmos que saímos modificados de alguma forma. Isto nos transforma e certamente tem impacto direto nos que estão ao nosso redor.
Por isso, hoje, dizemos sim às certificações, e ajudamos os educadores a chegarem lá num processo de aprendizado riquíssimo que você sai da jornada transformada(o) e com uma nova perspectiva sobre você mesmo, sobre o ensinar, e sobre educação de forma mais ampla. E de quebra, você se conecta com outros educadores que estão passando pelo mesmo processo que você. Acho, inclusive, que o educador deve buscar vários tipos de formações e certificações para que desenvolva uma visão crítica e mais profunda do que realmente faz a diferença no ensino-aprendizagem.
Continuamos a ter uma visão crítica dos movimentos na educação, mas sem tirar o mérito daquilo que agrega valor à vida profissional do professor/da professora. A certificação e o aprendizado vão com eles por onde trilharem suas carreiras, e em um mercado que está cada vez mais profissional, não podemos tirar o mérito de esforços de desenvolvimento profissional que podem se dar de diversas formas em diversos níveis. Então, porque não se desafiar e passar por uma certificação? Novos caminhos, novas perspectivas e oportunidades poderão se abrir.
O que posso dizer é que ter passado pelo processo de Seleção no Programa de Google Innovator, e depois ter feito as certificações Educador Nível 1 e 2 (na época da primeira seleção de Innovator não havia o pré-requisito das certificações, hoje tem!) me transformou de muitas maneiras, mas o que ficou para mim foi me conectar a um grupo fenomenal de educadores no Brasil e no mundo que fazem projetos juntos, que idealizam, que acontecem, que trabalham em diversas esferas na educação e que são, acima de tudo, guerreiros e sonhadores incansáveis por uma educação conectada e de qualidade. Um grupo que se fortalece nas conexões diárias e na diversidade. Essa conexão não tem preço.
"Ter idealizado o Amplifica e vê-lo impactar a vida de educadores e líderes educacionais é o que nos impulsiona a levantar todas as manhãs sempre buscando soluções inovadoras e significativas para ajudarmos a educação no país a ser cada vez mais conectada ao mundo, aos alunos e educadores. Amplificar é transformar desafios e soluções."