Professores que promovem a criatividade vêem bons resultados educacionais

Por Clarissa Bezerra · 19 de junho de 2020

Texto escrito por Lydia Saad em 28 de outubro, 2019

Traduzido e adaptado por Clarissa Bezerra

Blog GALLUP

A criatividade na sala de aula anda de mãos dadas com o aprendizado excepcional dos alunos, de acordo com um novo estudo da Gallup que examina a educação nos EUA. Especificamente, os professores do ensino fundamental e médio que freqüentemente propõem tarefas que exigem que os alunos pensem criativamente têm muito mais probabilidade do que outros professores de observar habilidades cognitivas de ordem superior em seus alunos. Essas habilidades incluem:

  • engajar-se na solução de problemas
  • demonstrar pensamento crítico
  • fazer conexões entre diferentes assuntos
  • atingir níveis profundos na aprendizagem do assunto
  • reter o que aprenderam

A criatividade na sala de aula também corresponde a alunos mais engajados e confiantes. Especificamente, os professores que praticam criatividade no aprendizado são muito mais propensos do que seus colegas que não praticam isso a dizer que seus alunos geralmente assumem a responsabilidade por seu próprio aprendizado; sentem-se confiantes em sua capacidade de dominar material difícil; estão dispostos a correr riscos; e demonstram um forte desejo de aprender mais sobre as matérias ensinadas na escola.

Essas descobertas são baseadas em uma pesquisa on-line nacionalmente representativa de 1.036 professores do ensino fundamental e médio, realizada de 27 de março a 5 de abril de 2019, usando o Painel Gallup. Além disso, para este estudo, a Gallup realizou, nos EUA,  pesquisas on-line com 2.673 pais de alunos do ensino fundamental e médio e 853 alunos do sexto ao 12º ano (3º do ensino médio).

O uso da criatividade pelos professores na aprendizagem foi determinado pela frequência com que eles relatam seu incentivo para que os alunos realizassem as seguintes atividades: 1) escolher o que aprender em sala de aula; 2) tentar maneiras diferentes de fazer as coisas, mesmo que elas não funcionem; 3) inventar suas próprias maneiras de resolver um problema; 4) discutir tópicos sem resposta certa ou errada; 5) criar um projeto para expressar o que aprenderam; 6) trabalhar em um projeto multidisciplinar; 7) trabalhar em um projeto com aplicativos do mundo real; e 8) publicar ou compartilhar projetos com pessoas fora da sala de aula.

Criatividade e uso transformador da tecnologia podem obter benefícios ainda maiores

O novo relatório Criatividade na aprendizagem da Gallup mostra que os professores que combinam criatividade com tarefas e que fazem uso transformador da tecnologia veem resultados ainda melhores dos alunos.

Exemplos de uso transformador da tecnologia incluem o uso de tablets ou computadores para criar projetos multimídia, realizar pesquisas, analisar informações e criar projetos complexos que cruzam diferentes disciplinas.

Como mostra o gráfico a seguir, 85% dos professores que se concentram na criatividade no aprendizado e usam a tecnologia de maneiras transformadoras dizem que veem seus alunos frequentemente envolvidos em solucionar problemas. Isso cai para 75% entre os professores que estimulam a criatividade na sala de aula, mas usam a tecnologia de maneiras mais substitucionais (substituindo papel e lápis por tablets ou computadores para realizar as mesmas tarefas) e para 50% entre os professores que não maximizam nem a criatividade nem a tecnologia de maneira transformadora na sala de aula.

Lacunas semelhantes por método de ensino são vistas em como os professores avaliam seus alunos quanto ao pensamento crítico, retenção de material e aprendizado profundo do assunto.

Entre os professores focados na criatividade, aqueles que fazem uso transformador da tecnologia e aqueles que usam principalmente a tecnologia de maneiras substitucionais têm a mesma probabilidade de dizer que seus alunos fazem conexões entre diferentes disciplinas e têm bom desempenho em avaliações nacionais. No entanto, é mais provável que ambos os grupos digam que seus alunos demonstram essas habilidades do que professores que são menos focados na criatividade.

Cultura escolar pode incentivar ou limitar a criatividade

Além das práticas de sala de aula de cada professor, os professores que trabalham em um ambiente escolar em que se sintam apoiados e que seja comprovadamente favorável são muito mais propensos do que os professores em ambientes menos receptivos a propor e realizar atividades criativas de aprendizagem em sala de aula.

Neste estudo, uma cultura escolar de apoio é definida como aberta a mudanças e novas maneiras de fazer as coisas; dá aos professores autonomia para experimentar coisas novas; abraça o uso da tecnologia pelos alunos; têm pais de alunos que apóiam a inovação dos professores; e não se concentra principalmente em notas de provas.

Cinqüenta e três por cento dos professores em ambientes escolares de alto apoio versus 32% daqueles em ambientes de menos apoio dizem que seus alunos têm frequentemente a chance de experimentar novas maneiras de fazer as coisas.

Além disso, 43% dos professores que trabalham em ambientes de alto apoio versus 32% daqueles em ambientes de menos apoio dizem que seus alunos geralmente têm a oportunidade de criar um projeto para expressar o que aprenderam.

A colaboração entre os colegas também é um fator importante no uso da tecnologia pelos professores na sala de aula: 83% dos professores afirmam ter idéias para incorporar o uso de tablets ou computadores em seus planos de aula de outros professores que conhecem pessoalmente.

Os alunos querem ter mais voz na escolha do que aprendem

O estudo constata que a grande maioria dos professores (87%) e pais (77%) concorda que, embora os métodos de ensino que inspiram a criatividade possam exigir mais trabalho, eles têm um retorno maior para os alunos.

Apesar disso, muitos alunos acham que não passam tempo suficiente envolvidos em atividades criativas na escola.

  • Quase três em cada quatro alunos (73%) dizem que gastam muito pouco tempo escolhendo o que aprendem nas aulas.
  • Mais de quatro em cada dez alunos dizem que passam muito pouco tempo demonstrando o que aprenderam de maneiras criativas (44%) ou experimentando novas maneiras de fazer as coisas (43%).

Principais conclusões

O novo relatório Criatividade na aprendizagem da Gallup mostra que os professores que frequentemente propõem atividades de aprendizagem criativa e fazem uso transformador da tecnologia têm mais probabilidade do que outros professores de dizer que seus alunos apresentam características cognitivas valiosas. Essencialmente, é mais provável que esses professores percebam que seus alunos são solucionadores de problemas auto-confiantes e altamente engajados, capazes de pensar criticamente, reter o que aprendem e desenvolver um profundo interesse nos assuntos e disciplinas.

Além disso, os professores que trabalham em ambientes escolares de apoio têm muito mais chances de perceber qualidades benéficas em seus alunos.

Assim, pode haver um efeito cumulativo por meio do qual os professores que implementam estratégias criativas e alavancam o uso transformador da tecnologia em ambientes escolares de apoio podem ter maior sucesso, em média, com seus alunos. Por outro lado, aqueles que não implementam estratégias criativas ou utilizam a tecnologia em seu máximo potencial transformador, e trabalham em ambientes menos favoráveis, podem ter menos sucesso.

As partes interessadas que buscam melhorar os resultados dos alunos têm, portanto, três áreas nas quais se concentrar: ajudar os professores a oferecer mais oportunidades para a criatividade dos alunos; ajudar os professores a usar a tecnologia de maneiras mais transformadoras; e promover mais apoio nos níveis escolar, distrital e parental para os professores adotarem essas abordagens valiosas de ensino.

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Clarissa Bezerra

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